quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mais um estudante frustrado

Primeiro, nos fazem engolir uma prova que se fará a nível nacional, de repente, sem avisos prévios, mudando completamente o estilo de prova comum. Mas tudo bem, as universidades têm livre arbítrio para aderir ou não ao novo modelo de vestibular unificado, proposto neste ano de 2009. Como é de se esperar, esta incrível máquina movida a dinheiro chamada homem preferiu aderir ao enem. Recebendo mais dinheiro do que arrecadariam com as provas normais, e sem realizar nenhum esforço, a maioria dos reitores das universidades federais decidiram adotar essa prova como exame de seleção em suas instituições. (Se não me falham os cálculos, apenas 5 das 55 universidades federais não aceitaram o enem como exame de seleção). Com esta brincadeira, nós estudantes, acabamos sendo as cobaias do imenso laboratório, no qual nos observam e avaliam nosso comportamento como alunos. Mas não importa, penso que uma mudança em principio nos traz medo e desconfiança, porém, em um futuro próximo pode ser útil à integração nacional, ou seja, poder seguir os padrões de seleção universitária dos países desenvolvidos, como França, Espanha, Estados Unidos etc. O problema maior é que os estudantes brasileiros não têm acesso à mesma qualidade de educação, o que gera grandes desigualdades no processo seletivo. No entanto, não é isso o que pretendo discutir, mas sim outro assunto. Pensava eu, na minha ingênua mente, que a educação num país era algo sagrado, incorrompível, fruto do futuro de um povo e passaporte para a qualidade de vida humana. Mais uma vez me equivoquei. Nem um bem tão valioso é respeitado pelos governantes nessa nação, já aconteceram desvios nos setores de construção civil, no assistencialismo entre outros. Esse teste que nos fazem engolir de forma brusca, foi fraudado. Três dias antes da realização do exame foi dado o aviso de fraude. E os futuros universitários observam frustrados, desorientados e desanimados como seus roteiros de estudo, a preparação e a ansiedade que acarretam a prova desabam como uma frágil cidade em meio à guerra. Já não nos tratam como cobaias, mas sim como palhaços que fazem malabarismos e palhaçadas para a diversão dos governantes. Adiada para o começo de dezembro, pretende-se que não aconteçam mais desvios. Com todo o prejuízo que isso acarreta: Pessoas que já haviam viajado para realizar a prova perderam a viagem, com esse adiamento, as faculdades seguramente terão que começar seus roteiros mais tarde, podendo afetar a conclusão das grades. Além disso, os estudantes que tivessem uma viagem de férias planejada, tentando comemorar talvez as últimas, foram inibidos. Fora o dano moral que isso leva em si, até a nível internacional: o canal de televisão espanhola TVE abordou em seu noticiário essa vergonhosa fraude. Com tudo isso, a expectativa de um estudante quando ouve a palavra “enem” já não é a mesma. Antes havia a emoção de poder lidar com um novo desafio, enfrentar a famosa interdisciplinaridade que ela carrega em si. Agora, o único que resta é a frustração e o desânimo causado por mais uma evidência de corrupção.

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