quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Escravos do século XXI

Neste último mês de abril estamos todos focados em uma notícia só: “Isabella Nardoni” a menina morta em São Paulo aos finais de março. Não se fala de outra coisa em diferentes lugares do país, escolas, locais de trabalho, ônibus etc. Todos atentos aos meios de comunicação para saber quem foi o assassino da menina. Muitas pessoas conversando, contando as últimas declarações do dia anterior, como se fosse a notícia mais importante.
Pois bem, as notícias parecem medir-se pela sua difusão nos meios de comunicação e não pela sua verdadeira gravidade. Agora mesmo poderíamos estar vivendo em uma crise, pensando que estamos vivendo em um paraíso, dependendo simplesmente do que ouvimos naquele aparelho que não falta na casa de uma família brasileira: a televisão. E vice-versa também, viver um paraíso baixo uma avalanche de más notícias.
Posso apostar todas minhas moedas que a metade dos brasileiros ou mais não conhece fatos tão importantes como o que está acontecendo realmente no conflito Tibete-China. A maioria não saberá dizer o valor do euro em relação ao real, e porque mudou tanto nesses últimos anos. E algo que nunca foi visto na televisão: “As crianças subsaarianas nos países em guerra civil”. Quem se lembra delas? Alguém sequer se perguntou como eles vivem? Estas crianças vivem em situações precárias, fugindo da guerra, são obrigadas a lutar sem escolha: Lutar pela sobrevivência ou morrer. Todas estas notícias nos são ocultas. Fecham nossos olhos ao mundo, não sabemos o que está realmente acontecendo, ao igual que antigamente no coliseu, as pessoas simplesmente não queriam saber o que havia no exterior, obrigados a viver num sistema baseado na política do “pão e circo”.
Agora você deve estar se perguntando: Este é um caso nacional, por isso se comenta tanto. Já imaginou a incrível “crise” pela que estaríamos passando se soubéssemos todos os dias os casos das crianças que morrem? Muitas mais crianças são assassinadas a cada dia, é claro que não se sabe de todos. Deixo uma pergunta para que reflitam: Alguma vez se viu na televisão o caso de um assassinato de uma criança em uma família de uma renda baixa?
O verdadeiro objetivo das conversas das pessoas não é a morte em si, mas sim saber como acaba o caso. Ao igual que um romance, o brasileiro adora saber o final. Analisando o caso, qualquer curioso não parente da menina que conheça a si mesmo, chegará a esta conclusão.
Este caso já foi resolvido há muito tempo, com certeza. Mas realmente é conveniente para a mídia que este caso acabe tão cedo? Não sei se foi percebido pelos telespectadores que esta notícia é um monopólio de atenção, e não se economiza na hora de difundi-la. Aí está a verdadeira essência: É uma notícia que chama muito a atenção, com muita audiência. Isto conseqüentemente traz grande difusão dos produtos propagados pela emissora.
Sempre vemos a televisão, e sua gratuidade só é possível pelo investimento dos produtos vendidos, por tanto, a informação de que somos escravos, não é falsa, e isto é inegável, o fato de chamar um produto pelo nome da marca é algo cotidiano e sempre presente: Leite condensado não é leite condensado, é “leite moça”, o aparelho de barbear já não é aparelho de barbear, é “Gilette”, o cacau em pó não é mais cacau em pó, é “Nescau”, a esponja de aço passou a ser “bom bril”. Somos escravos dessas corporações. Consumistas por impulso, compramos o que todos vêm e compram, não nos perguntamos nem avaliamos se o que estamos comprando é realmente de melhor qualidade.
Por Isto e outros motivos, devemos ter ampla visão do mundo, não conformarmo-nos com o que vemos, procurar saber o que realmente acontece, conhecer os fatos sem sombras. A televisão tem a capacidade de apresentar uma visão única dos fatos, eles nos são oferecidos tal e como lhe convêm aos meios de comunicação. Depende-se da visão, do termo usado para criar conceitos, idéias ou opiniões. Um exemplo disso são os termos sugeridos: ocupar e invadir não têm o mesmo significado no caso dos sem-terra, depende do ponto de vista. O pior domínio é aquele que não percebemos que estamos sendo dominados, no qual pensamos que somos livres e felizes. Com isto, espero que seja consciente para não converter-se em outro mero escravo da mídia.

2 comentários:

  1. Tem certeza de que você não quer ser jornalista? Haha!

    Se você ainda estiver interessado nesse assunto, dá uma olhada nesse livro: http://globolivros.globo.com/busca_detalhesprodutos.asp?pgTipo=CATALOGO&idProduto=144 (vários professores meus falam dele - confesso que nunca o li, mas vale a dica).

    Abração!

    ResponderExcluir
  2. Uaaaaaaaaaaau... Que perfeito esse texto, Thiago.
    a verdade é, que...

    "O Essencial é invisível aos olhos"

    Futuro Nutricionista e Jornalista, será ?
    hahahahaha

    x)

    Beijão, se cuida! x@@

    ResponderExcluir